terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

ENTREVISTA - EXPEDITO PARENTE (17/2/2008)

ENTREVISTA - EXPEDITO PARENTE (17/2/2008)
´No curto prazo, usinas não serão atendidas´

Expedito Parente conduz hoje pesquisas para a produção do bioquerosene, a ser usado como combustível de aeronaves (Foto: Thiago Gaspar)

O baixo preço pago ao produtor rural ainda é o maior entrave ao deslanche do plantio de oleaginosas. Esta é a avaliação do engenheiro químico Expedito Parente, inventor do biodiesel, que comenta, nesta entrevista comenta as principais missões do combustível no Brasil.

Os seus experimentos que culminaram na criação do biodiesel foram concluídos no fim dos anos 70, mas o combustível só agora começa a se tornar uma realidade de consumo. A que o senhor atribui este atraso?

Na época, o biodiesel foi ofuscado pela produção de álcool. Como o mercado de açúcar estava em crise, com preços muito baixos, o setor sucroalcoleiro tinha a necessidade por alguma alternativa por onde escoar sua produção. E a produção do etanol se tornou a salvadora da situação, não deixando espaço para o biodiesel. Não havia na época a visibilidade da real escassez do petróleo, do efeito estufa e dos demais danos que o petróleo causa ao meio ambiente.

Na sua avaliação, quais os prejuízos ocasionados por este atraso?

Sempre que participo de qualquer evento e sou questionado sobre a importância do biodiesel, respondo indagando sobre o preço de não produzi-lo. E este preço é muito alto. Não produzir o biodiesel significa miséria no campo, efeito estufa, poluição e doenças nas cidades. Esta é a questão se que impõe, e o prejuízo é justamente não ter avançado nestes pontos.

O que o Pro-Álcool deixou de herança para o programa do biodiesel?

O Pro-Álcool foi um programa de exclusão social para assegurar a produção de um combustível que é de uso individual. O biodiesel é coletivo, serve para gerar energia elétrica e é imprescindível na cadeia do petróleo. Ele pode ser mais democrático.

A melhor herança que ele deixou é a comprovação de que podemos chegar a volumes expressivos de produção e que com o aperfeiçoamento dos processos produtivos e o ganho de escala, o custo pode cair muito. Na década de 80, o metro cúbico custava cerca de US$ 700. Hoje, ele sai mais abaixo de US$ 200.

Os programas de incentivo ao agricultor para que ele se torne produtor de mamona estão chegando com mais força agora, enquanto as usinas já operam ou estão prestes a fazê-lo. O senhor acredita que a constituição da cadeia está equivocada?

A cadeia está desequilibrada. A política de produção do biodiesel tem de ser aperfeiçoada. O biodiesel vai muito além de apenas substituir o óleo diesel. Ele tem três missões básicas: uma ambiental, uma social e outra estratégica para o País.

Como que o biodiesel pode ajudar a reduzir os danos ao meio ambiente?

Se você considerar a cadeia produtiva do biodiesel, ele seqüestra mais gás carbônico do que emite. A mistura dele ao óleo reduz as emissões de fuligem, que é responsável por problemas como a tuberculose urbana. Em uma proporção de 25% de biodiesel, as emissões dos veículos chegam a zero.

E quanto às demais missões?

O mundo tem hoje 500 milhões de miseráveis no campo. A produção de biocombustíveis na zona rural tem toda a condição de eliminar essa miséria. E não há riscos de ameaça à soberania alinentar. A estrutura da fome no mundo é de demanda, e não de oferta. No dia que faltar alimento nas prateleiras no supermercado, aí sim poderão dizer que foi por culpa do biodiesel. Além do mais, não existe competição entre a produção de oleaginosas e a de alimentos. É possível consorciar a mamona com feijão, por exemplo. Ele é estratégico porque a humanidade vai entrar em um novo ciclo de desenvolvimento energético. E o Brasil tem todas as condições de despontar neste cenário.

Com as pesquisas já tão avançadas na agroenergia, o que falta para o consumo massivo?

É tudo uma questão de tempo. A natureza não dá saltos, nem a economia. A cadeia está sendo ordenada para tal.

Como o senhor avalia o processo de estruturação da cadeia produtiva do biodiesel?

O primeiro passo já foi dado. O presidente Lula é um entusiasta do programa, que está bem fundamentado, mas ainda precisa de especificidades regionais. O Brasil é um país de dimensões continentais, e cada região tem uma vocação distinta. No Nordeste, a grande motivação para a produção é o combate à miséria, com culturas que podem prosperar no nosso solo, no nosso clima...

Como o senhor vê a interação destes cultivos com a agricultura familiar?

O envolvimentos dos agricultores familiares casa com a motivação de combate à miséria. Mas há um desequilíbrio no estabelecimento do preço pago ao produtor. Ele tem de sair do homem para a bomba e não do posto para o homem, como ocorre hoje. O grande erro é estabelecer um custo desejado na bomba e fazer a regressão para saber quanto poderá ser pago ao pequeno produtor rural, sem partir de quanto ele é capaz de produzir e de quanto ele precisa ganhar para ter inclusão social.

Por outro lado, com o predomínio da agricultura familiar no sequeiro, há uma grande vulnerabilidade ao clima...

A mamona tem demonstrado ser bastante resistente à seca. Se não der mamona, não terá dado nem milho nem feijão, repetindo a situação problemática no campo. Sem chuvas, a produção vai diminuir, mas nunca chega a zerar. Pelo instinto de sobrevivência do sertanejo, a tendência é o plantio consorciado.

O preço mínimo assegurado hoje é injusto?

Estamos acumulando perdas para o produtor rural. O quilo de mamona deveria ser comercializado a pelo menos R$ 1, o que elevaria o preço do diesel para R$ 3. Será que isso impactaria na bomba? Como a mistura é de apenas 2%, a diferença no B2 ficaria na casa dos centavos. E seria resolvido um problema sério, da miséria do campo. Em caso de qualquer conflito no Oriente Médio, o impacto nos preços dos combustíveis é muito maior do que isso.

O preço abaixo do ideal é o que impede a adesão ao programa?

Certamente. Falta o estímulo do preço para assegurar o atendimento às usinas que vão operar. No curto-prazo, por dois ou três anos, não haverá produção para atender às usinas, que, sem o preço adequado pago pela baga, não vão poder operar.

O mercado energético tem uma grande vantagem que é a pequena vulnerabilidade de preço em função de grandes produções. Com os alimentos, se a safra for muito boa, o preço despenca e há risco de prejuízo. Já no fornecimento agroenergético, produzir mil ou dez mil toneladas não impacta no preço porque os volumes são enormes. É uma fuga do ciclo vicioso da oferta e da demanda, que, no Nordeste, chega a retirar 50% da renda agrícola. Esta é uma oportunidade de eliminar isso.

O cronograma de adição do biodiesel ao óleo diesel está correndo no ritmo adequado?

Acho que o B5 (proporção de 5% de biodiesel) vai ser antecipado. Se houver coerência neste aperfeiçoamento da cadeia, ele deve ser utilizado já em 2009, e o Brasil terá condições para partir para exportar. Existe uma avidez grande por combustíveis limpos na Europa. A África é nossa concorrente possível, mas perde competitividade por ainda não tem um agroindústria forte constituída, e uma estrutura muito emperrada.

LEÔNIDAS ALBUQUERQUE
Repórter

FIQUE POR DENTRO

Três décadas de pesquisa

O início da pesquisa que culminou na criação do biodiesel a partir de sementes oleaginosas começou nos anos 70, quando Expedito Parente se dedicava, na Universidade Federal do Ceará, a pesquisas relacionadas à produção de álcool, então em voga, também por questões políticas e econômicas, como a grande alternativa à gasolina, em meio a uma grave crise internacional do petróleo. O pesquisador cearense já procurava utilizar matérias-primas diferentes, como mandioca e madeira, para a produção de álcool.

A idéia de utilizar sementes oleaginosas só veio em 1977, quando, ao observar o fruto do ingá, de semente oleaginosa, deu-se conta da possibilidade de trabalhar com o óleo de algodão e o metanol no que viria a ser a tecnologia do biodiesel. Os resultados estimularam a continuidade da pesquisa e a solicitação de registro de patente no Instituto Nacional de Propriedade Industrial, apresentada em 1980. Hoje, a Tecbio, empresa criada por ele em 1999, quando foi criado um protótipo de usina produtora do combustível, trabalha também na criação do bioquerosene, a ser usado como combustível para aeronaves.

Fonte:

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

País investe R$ 1,5 bi em diesel menos poluente

A Petrobras vai instalar duas novas unidades de produção na Refinaria Landulpho Alves, em São Francisco do Conde, na Bahia para produção de diesel e gasolina com menor teor de enxofre, que terá no máximo 50 ppm (partículas por milhão), o S50. Além disso, o projeto viabilizará maior retorno na exportação da produção excedente, permitindo à refinaria o processamento de petróleo nacional com maior rentabilidade.

As começam em janeiro e a previsão é de que gerem 5 mil empregos. As obras incluem unidades de hidrodessulfurização de hafta craqueada, uUnidade de geração de hidrogênio e um gasoduto que permitirá o suprimento de gás natural à refinaria. A produção nessas unidades terá início em março de 2010.

O total de investimento nos projetos é da ordem de US$ 1,5 bilhão. A Petrobrás vai ainda recuperar 180 quilômetros de estradas baianas localizadas em áreas onde há tráfego intenso de veículos de carga da estatal ou de empresas terceirizadas. Serão contemplados os municipios de Alagoinhas, Pojuca, Candeias, São Francisco do Conde, Catu e Araças.

A recuperação das estradas é fundamental para o transporte com segurança, reduzindo os riscos ambientais do transporte de petróleo e derivados. Além disso, nos próximos anos, será cada vez mais crescente a demanda por combustíveis e biocombustíveis: a produção de oleaginosas, por exemplo, bem como a implantação de unidades industriais para produção de biodiesel, dependerá da infra-estrutura para atender a logística de distribuição desse combustível já a partir de 2008.

Fonte: Paraiba

Avanço do biocombustível brasileiro depende de ajustes, diz especialista

A produção de biocombustíveis pode render resultados econômicos positivos sem precedentes para o Brasil caso cresça acompanhada de adequações tributárias e da adoção de um planejamento unificado de políticas de incentivo.

A análise foi feita em entrevista à Agência Brasil por Roberto Rodrigues, reconhecido como um dos maiores especialistas nacionais do setor: é coordenador do Centro de Agronegócio da Fundação Getulio Vargas (FGV), presidente do Conselho do Agronegócio da Federação da Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e membro da Comissão Interamericana de Etanol.

Segundo Rodrigues, alguns estados brasileiros têm alíquotas do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) altíssimas, que inibem o crescimento do consumo de etanol. Externamente, o problema é a inexistência de um mercado consolidado de etanol. A solução seria a ampliação da produção do produto em outros países.

“Ninguém vai substituir o petróleo se um único país estiver produzindo de forma maciça. O Brasil deve vender tecnologia e conhecimento para outros países. E os países consumidores devem criar regras legais que determinem a mistura compulsória do etanol na gasolina.”

Ao lembrar que não se constrói mercado a partir do voluntarismo, Rodrigues critica a falta de consenso de autoridades brasileiras sobre o tema. “Temos que ter modelo distributivo de renda, atento às questões ambientais e logísticas. Há um conjunto enorme de decisões que passam por diversos organismos ministeriais que não conversam entre si”, afirmou.

Se o Brasil conseguir superar os entraves, o membro da Comissão Interamericana de Etanol garante que o "horizonte para o biocombustível é positivo". Ele lembra que organismos internacionais de energia calculam para os próximos 30 anos um crescimento da demanda mundial por combustíveis líquidos de 55%, com oferta de petróleo inversamente proporcional. Prognóstico que faz do etanol e do biodiesel opções naturais.

Rodrigues não se arrisca a dizer que árvores não serão arrancadas no Brasil para plantação de cana, mas também não crê que a expansão da cultura se torne uma ameaça para a Amazônia, em virtude de uma preferência lógica pelas áreas de pastagens.
“É muito mais barato e mais fácil. Avançar na floresta, onde não existe logística de escoamento, é perda de dinheiro.”


A produção de cana em áreas já desmatadas da Amazônia merece, segundo ele, ser melhor estudada, ainda que seja voltada para atender apenas a demanda de insumos e suprimentos dos 20 milhões de habitantes da região.

Os possíveis riscos de a expansão da cana interferir na produção de alimentos do Brasil são descartados por Rodrigues. “Dos 62 milhões de hectares agricultados do Brasil, 5% são cultivados com cana-de-açúcar. Temos potencial de 90 milhões de hectares atualmente ocupados por pastagens, aptos a culturas agrícolas. Desses, 22 milhões tem condições de produzir cana, o que permitiria ampliar 7 vezes a área atual cultivada. Em 15 anos, podemos produzir o dobro de cana por hectare, multiplicando por quinze a produção anual de etanol do Brasil, que chegaria a 300 bilhões de litros ao ano. Sobraria ainda 68 milhões de hectares para alimentos.”

Fonte:

Destino do óleo de cozinha


Já pensou se todos os dias, ao abastecer seu carro, você pedisse para o frentista jogar uma parte da gasolina no ralo do posto? Pois é isso que muitos brasileiros fazem com o óleo de cozinha usado. Seja em casa ou no comércio, boa parte dele acaba sendo despejado no ralo, nas pias ou até mesmo no vaso sanitário. É puro desperdício. Afinal, já há tecnologia que permite transformar esse lixo em riqueza.

Atualmente, mais de 20 usinas em funcionamento no Brasil captam o óleo de fritura e o transformam em biodiesel. Enquanto o diesel de petróleo custa cerca de R$ 1,80, o biodiesel de óleo de cozinha sai por menos de R$ 1,00. E mais: ele emite até 40% menos gases de Efeito Estufa do que o diesel de petróleo. Mas, quando descartado incorretamente, uma só gota desse óleo é capaz de poluir um milhão de litros de água.

Ao chegar aos rios, ele forma uma fina película sobre a superfície, que diminui sensivelmente a passagem de luz e oxigênio, asfixiando os peixes. Na verdade, o problema do óleo de cozinha é o mesmo da maioria dos resíduos, tais como as garrafas PET e as sacolinhas de supermercado.

O problema não é a existência desses produtos em si, mas o seu descarte incorreto. Até que a indústria seja capaz de produzir garrafas e sacolinhas sem petróleo, o correto é reciclá-las por meio dos programas de Coleta Seletiva. A reciclagem diminui sensivelmente o gasto com água e energia elétrica. Uma lata de alumínio reciclada, por exemplo, economiza o equivalente a 3 horas de tevê ligada. E não custa nada reciclar ou reaproveitar. Faz bem para o bolso e para a saúde do Planeta.

Fonte: A Tribuna Digital

domingo, 11 de novembro de 2007

E o petróleo estava lá

MÁRCIO MELLO
Presidente da Associação Brasileira de Geólogos do Petróleo e consultor da HRT Petroleum
A independência está garantida, diz geólogo. Mas a descoberta não faz do País uma nova Venezuela

Pedro Doria

A descoberta do Campo de Tupi, essa gigantesca reserva de petróleo anunciada na quinta-feira pela Petrobrás, é a maior da história petrolífera do Brasil. Mas, apesar de ela ter valido ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva o apelido de “magnata petroleiro”, cunhado pelo presidente venezuelano Hugo Chávez, não quer dizer que o País tenha virado superpotência do ramo. Pelo menos não segundo a avaliação de Márcio Mello, presidente da Associação Brasileira de Geólogos do Petróleo e sócio da empresa de consultoria HRT Petroleum.

“O tamanho das reservas de países como os do Oriente Médio ou da própria Venezuela são imbatíveis”, diz ele. Mas o Brasil é rico, sim. Nas contas de Mello, o total de reservas chegará fácil a 50 bilhões de barris e os técnicos já sabem exatamente onde eles se encontram: é no Atlântico, entre o sul de Santos e o norte do Espírito Santo, além de uma camada impermeável de sal, debaixo de uma gigantesca rocha batizada de Lagoa Feia, a 6 quilômetros de profundidade. Como, até a semana passada, o tamanho oficial das reservas brasileiras era de apenas 14 bilhões de barris, trata-se de um incremento e tanto.

Mas o País cresce. E nos próximos anos deverá ter um consumo diário de 3 milhões de barris - ou seja, consumirá quase tudo que produz. Se é assim, por que a Petrobrás demorou tanto a ir onde estava a maior parte do petróleo brasileiro - em águas profundas - já que os indícios eram quase evidências? “Porque por longo tempo predominou na empresa a idéia de que esse tipo de prospecção era jogar dinheiro fora. Foram anos para quebrar um paradigma”, diz Mello. Agora, garante o geólogo, a missão está clara: “É preciso perfurar, perfurar, perfurar”.

O anúncio de uma reserva gigantesca de petróleo na Bacia de Santos é uma surpresa?

Já era possível prever há pelo menos seis anos esse potencial fantástico que temos em águas profundas e ultraprofundas do Brasil, abaixo da camada de sal. Era uma previsão tranqüila de fazer. Mas não quer dizer que a descoberta seja pequena: essa é a maior novidade que surge no mundo petrolífero nos últimos 20 anos e é a maior descoberta da história do petróleo no Brasil.

Essas reservas se limitam a Santos?

De forma alguma. Nós já sabemos que há petróleo embaixo da camada de sal nas áreas de Roncador e Marlim, que ficam na Bacia de Campos. A Petrobrás já descobriu uma reserva de 600 milhões de barris abaixo do sal no Espírito Santo, descobriu abaixo de Marlim um campo pequeno com 300 milhões de barris, e vai descobrindo outros. Ainda vai se achar muito, mas muito petróleo mesmo no subsal entre Santos e o Espírito Santo.

Essa camada de sal existe em toda a costa brasileira?

Ela existe até Sergipe e Alagoas. Mas não é a camada de sal que determina a presença ou a quantidade de petróleo. O importante é o tipo de rocha que está debaixo do sal. Chamo essa região que vai desde o sul de Santos até o norte do Espírito Santo de a Grande Bacia de Campos. Sob toda essa área há uma camada batizada de Formação Lagoa Feia, que é uma rocha geradora de petróleo maravilhosa. Ela é que produziu todo esse petróleo que temos aí. Também há petróleo em Sergipe e na Bahia, mas a quantidade é muito menor porque a rocha que a produziu é outra, não tão prolífica.

Então já sabemos onde tem petróleo e quanto petróleo há na costa do Brasil?

Lógico. O problema é achar o local exato, e a Petrobrás achou, daí seu mérito. E vai achar muito mais. O Brasil tem, podemos dizer tranqüilamente, 50 bilhões de barris. Não resta a menor dúvida.

Com as novas reservas, o Brasil vai para a Organização dos Países Exportadores de Petróleo, Opep?

Não. Nós consumimos hoje 1,8 milhão de barris por dia. Do jeito que o País está crescendo, vamos para algo entre 2,5 e 3 milhões nos próximos três ou quatro anos. A Petrobrás vai ter que se esforçar muito para conseguir manter essa produção. Daqui a oito anos, quando essa reserva que acabou de ser descoberta estiver em plena produção, o Campo de Marlim já estará decrescendo.

Não vamos virar exportadores?

Vamos. Mas teremos pouco para vender, o consumo interno é grande. Nunca seremos exportadores como a Venezuela, Arábia Saudita, Irã e Iraque.

Já é comum buscar petróleo a 6 quilômetros de profundidade?

Já, sim. Os EUA têm vários poços ultraprofundos. O problema não é a profundidade, mas sim calcular se faz sentido econômico. Com o petróleo a um preço alto no mercado internacional é bom negócio. Evidentemente, o solo brasileiro tem características diferentes do americano, então a tecnologia aplicada não é exatamente a mesma. Como nunca havíamos perfurado a essa profundidade, como não conhecíamos direito a composição da rocha que iríamos encontrar, o primeiro poço que cavamos custou US$ 170 milhões de dólares. O segundo já saiu por uns US$ 70 milhões. Quando chegarmos ao terceiro, vamos gastar U$ 40 milhões, no máximo US$ 50 milhões. É uma tecnologia dominada.

Por que o petróleo está tão caro?

A principal questão é uma enorme expectativa de crescimento econômico da Índia e da China. Ninguém cresce sem consumir petróleo e, assim, a demanda aumenta, mas a oferta permanece baixa. Em média, todo dia são descobertos 20 milhões de barris em algum ponto do mundo. Ora, num único dia, o mesmo planeta consome 83 milhões de barris. Se consome 83 milhões e as novas reservas só aumentam num ritmo de 20 milhões, a conta não fecha. Para piorar, em um ano e meio o consumo deve saltar para 120 milhões de barris ao dia. É por isso que fica a sensação de que haverá escassez no futuro, forçando o preço de US$ 40 para U$ 100 o barril, em 2007. Além disso, quem é do ramo já sabia que o petróleo chegaria a US$ 100, não por conta dessa paranóia, mas porque ele estava barato demais. O litro do petróleo chegou a sair por menos que o litro de água mineral. O que acontece é um ajuste para o preço real e não um aumento desproporcionado como muitos estão descrevendo.

Mesmo consumindo mais do que se descobre, há muitas reservas por surgir. O fim do petróleo ainda está longe?

Não resta a menor dúvida. O petróleo é uma fonte finita, só que ainda vai demorar muito para usarmos todo ele. O fim não virá em 30 ou 40 anos. Temos mais de um século de estoque pela frente. A questão-chave, aí, não é o tamanho das reservas mas sim o tempo que demora entre a descoberta de um novo campo e o início da produção. Mesmo que reservas inesperadas sejam encontradas no planeta, não será possível pôr no mercado a mesma quantidade de petróleo que é consumida. Veja, por exemplo, essa descoberta gigantesca que fizemos no Brasil: para que consigamos entrar em produção plena demora algo entre oito e dez anos.

Mas nesse meio tempo já não teremos formas alternativas de energia?

Impossível. Substituir petróleo e gás é impossível. Falam muito de hidrogênio, hoje. De onde tiram hidrogênio para mover carros? Do metano, derivado de petróleo.

E o etanol?

Você pode plantar o mundo todo com cana-de-açúcar e produzirá 8% do petróleo consumido no planeta. Biodiesel e etanol são modismos que não substituem o petróleo. Se plantarmos o Brasil inteiro produziremos 6% apenas do nosso consumo. E o petróleo não é só usado para mover carro. O mundo hoje gira em torno do petróleo. Oitenta por cento do que você tem no escritório é feito com petróleo.

Os proponentes da energia nuclear dizem que as usinas são muito mais seguras e eficientes, hoje.

É muito difícil o controle ambiental, de resíduos, principalmente quando é preciso gerar uma quantidade muito grande de energia.

Se o petróleo é finito, qual a saída?

Nos próximos 30 ou 40 anos não haverá alternativa que possa substituir o petróleo. Não dá para inundar mais grandes áreas para construir hidrelétricas, energia nuclear tem muitos problemas e o urânio está subindo de preço assustadoramente, os problemas ambientais causados pelo carvão são terríveis. Qual a energia que sobra? Petróleo e gás. Infelizmente é o que temos.

A região geológica das Bacias de Santos e Campos é a mesma da costa da África. Há petróleo por lá também?

Claro. Vai-se descobrir muito petróleo na costa de Angola. O Congo é uma região na qual muitas descobertas acontecerão, podemos esperar outras tantas na Namíbia. Mas, do tamanho desta brasileira, é muito difícil. Reservas petrolíferas desse tamanho, que chamamos de supergigantes, são muito raras. Desse porte, aqui no Brasil, podemos descobrir mais uma ou duas, no máximo.

Somando esse potencial de descobertas que estão para vir, é possível que a geografia do petróleo esteja mudando?

Não. As características geológicas do Oriente Médio são muito específicas. As da Venezuela, também. Nosso vizinho, aliás, tem mais petróleo do que a Arábia Saudita e continuará com posição de liderança. Seu único problema é que muito de seu petróleo é pesado, difícil de ser utilizado. Ganha em quantidade, mas não em qualidade. Existem quatro províncias gigantes no mundo que ainda não foram exploradas: o sul do Golfo do México, todo o litoral da Venezuela, que ainda não perfurou em águas profundas, e lugares inóspitos como Afeganistão e Sibéria. Por isso digo que o petróleo não vai acabar agora.

A exploração da área onde foi descoberta a nova reserva iria a leilão público este mês. Após o anúncio de que havia uma gigantesca reserva, no entanto, a ministra Dilma Roussef retirou-a da lista a ser leiloada. O governo argumenta que precisa reavaliar o valor, já que sabe que há petróleo lá.

Isso aí não é novidade para ninguém. Esse anúncio é simplesmente político. A BG, British Gas, anunciou essas reservas em Londres faz seis meses. Todo o mundo sabia disso. A Petrobrás, nós, todos sabemos que o subsal tem bilhões e bilhões de barris. Mas, veja bem, posso estar criticando sem saber as reais razões do governo. Penso como cientista, não como político. O governo pode dizer que deseja guardar essas reservas para explorar no futuro. Todos os países do mundo estão fazendo isso. Manter as reservas de petróleo é estratégico. Durante os próximos 40 anos, só crescerá quem tiver petróleo. Só argumento que, em cima da hora, não é bom suspender um leilão por conta da falta de transparência. Se sabemos que há bilhões de barris embaixo desta camada de sal, ficamos sem saber se a exploração será permitida ou não. O governo não está agindo de forma clara. Isso vai causar um estresse grande na comunidade internacional e no investimento das petroleiras no Brasil.

Fonte:

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Pró-Álcool: Iniciativa estratégica

A crise do petróleo em 1973 levou o físico José Walter Bautista Vidal a idealizar, junto com o engenheiro Urbano Ernesto Stumpf, o Programa Nacional do Álcool, ou Pró-Álcool, implantado dois anos depois. Para eles, o país tinha nas mãos todos os elementos necessários para uma substituição em larga escala dos combustíveis derivados de petróleo: abundância de luz solar, água, terra ociosa disponível e milhões de pessoas sem trabalho.

Atualmente, segundo Vidal – Stumpf morreu em 1998 –, os recursos humanos e naturais do Brasil são mais uma vez fundamentais, no contexto de uma crise definitiva do petróleo e da necessidade de mitigar o aquecimento global. Para o cientista e professor aposentado da Universidade de Brasília (UnB), hoje aos 91 anos, o Brasil tem a oportunidade de resolver dois grandes problemas globais: acabar com a pobreza e se tornar uma potência mundial.

Para isso, segundo afirmou Vidal em entrevista à Agência FAPESP, o pequeno produtor deve estar no centro das atenções. Enquanto o país investe esforços no desenvolvimento tecnológico, o governo federal precisaria criar uma empresa de economia mista dedicada exclusivamente à bioenergia, que se encarregasse de proteger e de abrir o mercado externo para o pequeno produtor.


Agência FAPESP – O que o Brasil precisa fazer para aproveitar seu potencial como produtor de biocombustíveis?

José Walter Bautista Vidal– A era do petróleo, que está acabando, gerou a era do aquecimento global. Esses são os dois problemas centrais do planeta para os próximos anos e o Brasil tem potencial para resolvê-los sozinho, mas não temos instrumentos para tanto. Temos a terra, a mão-de-obra, o potencial tecnológico, a água e a luz do sol. Mas falta criar uma empresa de economia mista para apoiar o pequeno produtor, desenvolver tecnologia e abrir o mercado externo para nossos produtos.

Agência FAPESP – Uma empresa de economia mista voltada para o etanol?

Bautista Vidal – Não apenas para o etanol. Seria uma empresa de economia mista especializada na área de energia de origem vegetal, renovável e limpa, com visão estratégica. Quando quisemos entrar na era do petróleo, criamos a Petrobras. Começamos com o movimento nacional “O petróleo é nosso” e hoje a Petrobras é o que conhecemos. Quando quisemos criar o programa do álcool, lançamos a Secretaria de Tecnologia Industrial, da qual eu era o titular. Foi necessária uma instituição do estado puxando as coisas, coordenando. Hoje não temos uma instituição que cuide das energias renováveis. Sem isso, não vamos decolar.

Agência FAPESP – Então, precisamos de iniciativa do governo federal?

Bautista Vidal – Sim. O Brasil está predestinado a ser a grande potência da energia renovável do mundo, mas isso não se faz de forma trivial. Precisamos de estruturas, infra-estruturas, competência e de organização. Isso é o que está faltando. A resposta do pequeno produtor é excepcional. Temos que criar uma estrutura voltada para o nosso produtor.

Agência FAPESP – Por que o foco deve estar no pequeno produtor?

Bautista Vidal – Porque é esplêndida a resposta do pequeno produtor à perspectiva de aproveitar essa oportunidade histórica única, mas ele é vulnerável ao mercado externo. Quando ele começa a melhorar de vida, o capitalista entra em cena e compra sua terra, que ele nunca mais vai conseguir comprar de volta. A empresa de economia mista seria um instrumento para estimular e proteger esse produtor, abrindo para ele o mercado externo. Precisamos de uma instituição de grande porte para permitir que o pequeno produtor exporte para o Japão, Alemanha ou China.

Agência FAPESP – Como o governo tem respondido a essas necessidades?

Bautista Vidal – O presidente Lula corre o mundo falando da importância dos biocombustíveis, mas não tem como corresponder às promessas que faz, porque não conta com uma estrutura adequada.

Agência FAPESP – Como o senhor avalia o temor de que o aumento da produção de etanol e biodiesel possa gerar escassez de alimentos?

Bautista Vidal – Isso é totalmente falso. Usando o bagaço de cana e o vinhoto, podemos alimentar 80 cabeças de gado com cada uma das microusinas que temos instaladas, com produção de 400 a 600 litros diários. Isso significa aumento da oferta de leite e carne. O dendê e o girassol geram, após a extração do óleo, um resíduo de alto valor protéico para ração animal. Na realidade, a produção de alimentos aumentará substancialmente. Se implantarmos 1 milhão de pólos energéticos usando o pequeno produtor em grande quantidade, teremos 80 milhões de cabeças de gado com alimento garantido. Vai baixar o preço da carne e do leite. Quem fala de fome está equivocado, ou está usando de má-fé para prejudicar o avanço do Brasil.

Agência FAPESP – Como conciliar o agronegócio à ênfase que o senhor defende na produção familiar?

Bautista Vidal – O agronegócio é o grande inimigo do ponto de vista do pequeno produtor que queremos incentivar. Um exemplo disso é que conseguimos criar uma linha de financiamento para o pequeno produtor no Banco do Brasil, mas a pressão do agronegócio dentro do próprio banco forçou a demissão do vice-presidente da área tecnológica, José Luiz Cerqueira César, que estava montando esse grupo. Outra coisa que prejudica a agricultura familiar é o H-Bio, da Petrobras.

Agência FAPESP – Prejudica por quê?

Bautista Vidal – Porque estão usando óleo de soja para fazer o biodiesel. O Brasil é o maior exportador de soja do mundo, mas essa exportação está na mão de cinco trades norte-americanas que têm o domínio total do mercado. Elas querem ganhar o monopólio do biodiesel, porque o que vale na soja de fato, o que tem mercado no momento, é o farelo. Como grandes exportadoras, essas corporações têm imensas quantidades de óleo sem mercado, que agora estão sendo usadas para produzir biodiesel. Isso vai monopolizar o biodiesel na mão de empresas norte-americanas.

Agência FAPESP – A prioridade então seria mudar a matriz do biodiesel para outras oleaginosas que não a soja?

Bautista Vidal – Isso mesmo. Há um grande potencial de utilização, pelo pequeno produtor, de dendê, de girassol, de pinhão-manso e de outras matrizes. Mas é preciso avançar nas pesquisas e organizar os produtores. Isso levará de cinco a dez anos para gerar uma produção de dimensão compatível. Enquanto isso, o óleo de soja ocupará o espaço, monopolizará o mercado e não deixará o pequeno produtor prosperar. Eles poderão fazer um dumping. As transnacionais têm condições de manipular as bolsas internacionais para que o preço do farelo aumentado possa, sem ônus para as multinacionais, reduzir o preço do óleo. Isso esmagará os pequenos produtores nacionais.

Agência FAPESP – As críticas que o senhor faz ao uso da soja para biodiesel são apenas políticas e econômicas?

Bautista Vidal – Também há razões técnicas. A produtividade do óleo de soja por hectare é muito baixa – é um oitavo da do dendê e um quinto da do girassol. Não é o produto ideal para ser usado no biodiesel. Por outro lado, o ideal seria fazer com que os motores a diesel no Brasil não queimassem biodiesel e sim óleo vegetal in natura. Com isso, o pequeno produtor poderia produzir óleo, filtrar e usar em seus equipamentos, tratores, mecanismos de irrigação e caminhões. Só aí já teríamos um mercado imenso para esses motores. Então, precisamos rapidamente produzir motores ciclo-diesel de alta temperatura que queimam o óleo vegetal in natura, em vez de ter que fazer o biodiesel, que é caro, pois exige retirar a molécula de glicerina. O pequeno produtor não consegue fazer esse processo de transformação, que termina na mão do capitalista que vai esmagar nosso produtor.

Agência FAPESP – A empresa de capital misto seria como uma espécie de “Petrobras do biocombustível”?

Bautista Vidal – Seria diferente, porque ela não iria produzir o biocombustível como a Petrobras produz petróleo. A produção ficaria a cargo do pequeno produtor. A empresa se encarregaria do que o produtor não tem condições de fazer: de desenvolver tecnologia e abrir o mercado interno e externo. Para exportar para o Japão, por exemplo, precisamos de uma infra-estrutura naquele país para receber nossos combustíveis. O papel da empresa seria de mediação com o mercado, coordenação e apoio. Sem o Estado, isso não vai frutificar.

Agência FAPESP – O senhor foi o idealizador do Pró-Álcool. Que lições podem ser aplicadas nesse contexto?

Bautista Vidal – Temos condições excepcionais: muito sol e muita água, muita terra ociosa disponível – além de milhões de pessoas sem trabalho. Era isso que eu tinha em mente durante a criação do Pró-Álcool. Estava nos Estados Unidos na época do embargo e tinha uma noção clara do que aconteceria com o petróleo. Quando voltei para o Brasil, em 1974, reuni um grupo técnico excepcional que chegou a envolver mil especialistas e montamos o único grande programa de substituição de petróleo do mundo. Atualmente, a coisa é maior, porque o Pró-Álcool visava ao mercado interno e teve todo o sucesso nesse campo, mas agora é o mundo que está cobrando. Vamos nos transformar em uma nação independente. Vamos pagar a dívida que drena todos nossos recursos para o exterior e levantar o homem do campo, acabar com a miséria e ser um país importante, soberano e independente.

Fonte: Agência Fapesp

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Biodiesel : A experiência paranaense

por José Domingos Fontana


A hora é boa para esclarecer. Banha de porco ou óleo de soja, soda e água aquecidos produzem sabão. Se a água cede lugar ao etanol de cana ou metanol de petróleo, o produto é um biodiesel etílico ou metílico, respectivamente, além de glicerina de interesse farmacêutico. O óleo diesel contém enxofre gerador de chuva ácida e benzo-pireno potencialmente cancerígeno. O biodiesel etílico nacional proporciona uma combustão muito mais limpa. Química à parte, qualquer transeunte sabe do desconforto (mas não do risco) do escapamento de veículo pesado movido exclusivamente a diesel. Daí ser benéfico adicionar ao diesel uma parcela dos oxigenados como biodiesel e/ou etanol (como se faz há longa data com a gasolina). De fato, um mínimo do neo-combustível biodiesel é o que viabiliza a mistura diesel + etanol, naturalmente imiscíveis. Isto gera menos fumaça preta, rende mais saúde e ... créditos de carbono, daqueles já negociados entre Brasil e Alemanha.

Nesta arte, o Estado-celeiro Paraná, vice campeão em soja (10,5 milhões de ton) e cana (1,1 bilhões de Litros de etanol), na safra em curso, comparando combustíveis convencionais versus biocombustíveis inovadores, vai escrevendo sua história, e nela o TECPAR – Instituto de Tecnologia do Paraná, órgão da SETI/PR – Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior tem cadeira cativa:

1. 1983-1985: Na COCAMAR de Maringá (40º aniversário recentemente festejado com o Pres. Lula) a equipe de Richard Fontana, Gerente Industrial e de Germano Ottmann, da então COCAP, fez rodar, por 20 meses, 4 caminhões Mercedes-Benz e Scania-Vabis por centenas de milhares de Km, na base de diesel versus 100% de biodiesel etílico de borra de refino de óleo de caroço de algodão. O 2º venceu como lubrificante, menor emissão de fumaça e até em redução de consumo. A expansão da planta de 250 L/dia foi bloqueada alhures por ato do então regime de exceção. Saldo líquido: 20 anos de atraso no embrião de um Programa Paranaense de Biodiesel !

2. 1984: na Engenharia Mecânica-UFPR, os relatórios FONTERME 1 e 2 dos Profs. Nilton Buhrer, Gregório Bussyguin e José Carlos Laurindo (este também um especialista do TECPAR no tema) descreveram a produção de biodiesel metílico de óleo de soja e o ensaio bem sucedido em motor Diesel na bancada.

3. 1998: a parceria TECPAR/URBS/SMMA usou B-20m (80% diesel + 20% biodiesel metilico da ASA-USA) em 40 ônibus (M.Benz, Volvo e Scania) da Viação Sto. Antonio, por 450 mil Km: redução 18 a 33% nos índices Bosch e Opacidade, de poluição.

4. 1998/1999: TECPAR e URBS operaram 2 ônibus dos Transportes Coletivo Glória com MAD11 (combustível ternário com 86,2% de diesel + 11,2% de etanol anidro + 2,6% de AEP-102, um ingrediente biodegradável para combustíveis ecológicos estabilizados ou variante de biodiesel da ECOMAT-MT) por > 200.000 Km avaliando o efeito sobre bicos injetores junto à BOSCH. O TECPAR testou então a MAD8 (apenas 8% de etanol na mistura) com motor em dinamômetro no IPT-SP.

5. 1999: TECPAR e VOLVO ensaiaram B-20m em motor de ônibus bi-articulados. Fuligem 29% menor e torque/potência afetados em < 2,6%.

6. 2000/2001: TECPAR e URBS movimentam 50 ônibus das Viações N.Sra. da Luz e Marechal, com a pré-testada MAD8; 10% dela nos 6 milhões de litros de diesel/mês no transporte coletivo de Curitiba reduziria a poluição do ar em 120 ton. de fuligem.

7. TECPAR e LACTEC ensaiam, desde nov/2002 um GOLF 1.9 a diesel cedido pela UFPR, (exportado aos milhares pela AUDI-VW do PR, para os USA, Canadá e México) com a binária B-20e (20% de AEP-102 + 80% de diesel REPAR/PETROBRÁS). Faz 11,04 Km/L na cidade e 15,13 na estrada após > 20.000 rodados.

8. Em 24 de outubro de 2002 são firmados, durante o Seminário Brasileiro de Biodiesel (Curitiba-PR), entre o MCT - Ministério de Ciência e Tecnologia e a SETI-PR, o Protocolo de Intenção 07.0002.00/2002 (D.O.U. 215, seção 3, pg. 4; 6.11.2002) e o Convênio de Cooperação 01.0029.00/2002 (D.O.U. 216, seção 3, pg. 4; 7.11.2002), respectivamente para o uso / aprimoramento da mistura diesel + etanol anidro + biodiesel (MAD8 ou DESOL) e criação do CERBIO – Centro Brasileiro de Referência em Biocombustíveis. O TECPAR, reconhecida sua competência histórica de mais de 2 décadas na experimentação bem sucedida com biocombustíveis, é designado pela SETI-PR para sediar o CERBIO. Simultaneamente, o MCT baixa a Portaria 702, em 30.10.2002 (D.O.U. 215, seção 1, pg. 23; 6.11.2002) instituindo o PROBIODIESEL – Programa Brasileiro de Desenvolvimento Tecnológico de Biodiesel e um leque crescente de parcerias multi-facetadas de Brasil afora começa a se desenhar em torno do CERBIO/TECPAR/SETI-PR, já somando 38 instituições.

Tal Centro tem comparecido às reuniões de Brasília, SP e Rio, organizado as de Curitiba e vai estreitando as relações com o MME em Brasília; UFRJ, COPPE e INT do RJ; FGV, ABIOVE, USP-RP, CENBIO, SINDIPEÇAS de SP; ECOMAT do MT; UESC da BA; UFPR, COAMO, ALCOPAR, URBS, SMMA e LACTEC do PR, enquanto aguarda a ANFAVEA, CENPES-PETROBRAS, UNICA-SP, BOSCH, CEFET-RN e o Ceará pioneiro, além de presente com palestras no evento “Biocombustível/Frota Verde” de Goiânia-GO em 19/3/2003, compartidas com o MCT/CADE, MDIC, MAPA, Transportes N.Sra. da Glória e URBS de Curitiba; esta parceira nos relatórios ante a ANP. O CERBIO co-financiou e fez apresentações no Congresso de Biodiesel na USP-Ribeirão Preto de abril passado.

Não obstante a estrutura em construção, o Centro está aberto a todos, torce para que a ação parlamentar (e.g., PL do Dep-SP A. C. M. Thame – 5% de biodiesel etílico em diesel para 2004) frutifique em favor de um meio ambiente mais limpo. Não é despropositado especular que no Paraná a história seja escrita – uma vez mais – antes. Seria um notável adendo à isenção e redução de ICMS com a qual o Governador Requião deu a largada de governança. A propósito, na concorrida reunião de 11/junho/2003 que o Sr. Secretário de Agricultura, Orlando Pessutti convocou para a EMATER e na qual também falou como Vice-Governador em nome do Governador Roberto Requião, a fitobiomassa oleaginosa/sucro-alcooleira, a matriz energética e o biodiesel paranaensens foram a tônica, a par de uma nova concepção de COPEL. Aos anfitriãos e a esta força política e técnica foi manifestado o convite do Sr. Secretário Aldair Rizzi para o evento em “Biodiesel-PR” de julho/2003 sendo organizado pela SETI-PR e a ser sediado na UEL de Londrina. Alí será escrito um 1º capítulo de um “Livro Verde da Fitobiomassa Paranaense”.

As semanas pregressas também estiveram pontilhadas de eventos pró-biodiesel na EMATER/CREA-Maringá, FIEP e Instituto Euvaldo Lodi. Pulsantes também as Universidades, a EMBRAPA-PR e o IAPAR. Em Goiás, o próprio setor canavieiro estará implantando a MAD8 curitibana em sua frota cativa. A COAMO, publicitando sua próxima futura planta de biodiesel. Compilados pelo CERBIO/TECPAR e pré-avaliados pela Diretoria Executiva do Instituto, farto documental a respeito da experiência com neo-combustíveis e sua pré-viabilidade técnica, econômica e sócio-ambiental está sendo entregue ao titular da SETI-PR. Dali tais argumentos poderão ser depositados no MME – Ministério de Minas e Energia o qual mantém a mais promissora interlocução com o MCT, este o ministério-sede da intensa luta pelo biodiesel.

O trio CERBIO/TECPAR/SETI-PR entende estar cumprindo sua parte no cenário de tecnologias sociais – qualidade de objetivo e quantidade de cidadãos-alvo – preconizado pelo novo Governo do Paraná.



Fonte: José Domingos Fontana é Diretor Técnico do TECPAR, Coordenador pro-tempore do CERBIO, Prof. Visitante Voluntário da PG em Ciências Farmacêuticas da UFPR, Pesquisador 1A do CNPq e 11º Prêmio de C&T no PR.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Z (00)

Não há usinas com essa letra

Y (00)

Não há usinas com essa letra

X (00)

Não há usinas com essa letra

W (00)

Não há usinas com essa letra

Q (00)

Não há usinas com essa letra

L (01)

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(Araucária/PR)
Usina em Planejamento - Em processo de autorização na ANP
Capacidade de Produção: 4 mil litros/dia (1,2 milhões litros/ano)


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J (01)

Jataí Ecodiesel (Jataí/GO)
Usina em Planejamento - Ainda sem processo de autorização na ANP
Capacidade de produção: 330 mil litros/dia (100 milhões litros/ano)
Matéria prima: Soja, Algodão e Girassol

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

M (04)

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Medeiros Lima (Lucas do Rio Verde/MT)
Usina em Construção - Em processo de Autorização
Capacidade de produção: 14 mil litro/dia (4,2 milhões de litros por ano)
Rota tecnológica: Metilica

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Magno (São Paulo/SP)
Usina em Planejamento - Em Processo de autorização na ANP
Capacidade de Produção: Pendente
Rota Tecnologica: Pendente

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(Piracicaba/SP)
Usina em Construção - Ainda sem Processo de autorização na ANP




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Megabio (Tuneiras do Oeste/PR)
Usina em planejamento - Ainda sem pedido de autorição na ANP



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H (01)

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Hidroveg (Rio de Janeiro/RJ)
Usina Construida - Em processo de Autorização na ANP
Capacidade de Produção: 250 mil litros/dia (75 milhões litros/ano)
Rota Tecnologica: Metílica ou Etílica

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segunda-feira, 8 de outubro de 2007

V (04)

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Vanguarda Brasil (Nova Mutum/MT)
Usina em Construção - Em processo de Autorização na ANP


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Vanzella (Soriso/MT)
Usina Construida - Ainda sem processo de autorização na ANP


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Vermoehlen & Vermoehlen (Rondonópolis/MT)
Usina em Construção - Autorizada pela ANP
Capacidade autorizada de Produção: 5 mil litros/dia (1,5 Milhão de litros/ano)Capacidade instalada de Produção: 10 mil litros/dia (3 Milhões de litros/ano)
Rota Tecnologica: Metílica

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(Campos dos Goytacazes/RJ)
Usina piloto - ainda sem processo de autorização junto à ANP




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T (08)

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Tauã Biodiesel (Nova Mutum/MT)
- Autorizada pela ANP
Capacidade de Produção: 100 mil litros/dia (30 milhões de litros/ano)
Rota Tecnologica: Metílica ou Etílica

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(Taquaruçu do Sul/RS)

Usina em construção - ainda sem processo de autorização junto à ANP
Capacidade de produção: 240 mil litros/dia (72 milhões litros/ano)
Rota tecnológica: Metílica



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TCS (Ponta Grossa/PR)
Usina construida - Ainda sem pedido de autorização na ANP
Produção estimada: 187 mil litros/dia (56 milhões litros/ano)
Rota tecnológica: Metílica
Materia-Prima: óleo de soja, óleo doméstico reaproveitado, gordura animal e outros óleos alternativos (pinhão-manso e girassol).


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Tecnodiesel (Sidrolândia/MS)
Usina Em construção - ainda sem pedido de autorização junto à ANP
Capacidade de produção: 25 mil litros/dia (7,5 milhões litros/ano)
Matéria-prima: Soja, Girassol e Algodão
Rota tecnológica: Metílica ou Etílica

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(Curitiba/PR)
Usina piloto em produção - ainda sem processo de autorização junto à ANP
Capacidade de produção: 500 a 1.000 litros/dia (150 a 300 mil litros/ano)
Matérias-primas: Soja, girassol, algodão, nabo forrageiro e gorduras animais


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(Cruz Alta/RS)
Usina Construída e sem produção - ainda sem processo de autorização junto à ANP
Capacidade de produção: 20 mil litros/dia (6 milhões litros/ano)
Matéria-prima: Soja, Girassol, Mamona, Gordura animal e Óleo reciclado
Rota tecnológica: Metílica

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Torta Mato-grossense (Poxoréo/MT)
Usina Construida - Em processo de Autorização na ANP


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Transportadora Caibiense (Rondonópolis/MT)
Usina em Construção - Em processo de

Capacidade de produção: 15 mil litro/dia (4,5 milhões de litros por ano)

Rota tecnológica: Metilica


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R (03)

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Renobras/Biobras (Campinas/SP)
Usina Construida - ainda sem pedido de autorização junto à ANP
Capacidade de Produção: 100 mil litros/dia (30 milhões litros/ano)
Materia-Prima: Girassol e Nabo Forrageiro


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Renobras/Biobras (Dom Aquino/MT)
Usina construída e apta a entrar em operação - Autorizada pela ANP
Capacidade autorizada de produção: 20 mil litros/dia (6 milhões litros/ano)
Pedido para ampliação de Produçao: 60 mil litros/dia (18 milhões litros/ano)
Rota Tecnologica: Etílica

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RTR (Tangará da Serra/MT)
Usina Construida
Capacidade autorizada de produção: 5 mil litros/dia (1,5 milhões litros/ano)
Rota Tecnologica: Rota Metílica

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K (02)

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(Campo Grande/MS)
Usina em planejamento - Em processo de Autorização na ANP
Capacidade Produção: 25 mil litros/dia (7,5 milhões liros/ano)
Rota tecnológica: Metílica
Matérias-primas: Óleos Vegetais



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KGB (Sinop/MT)
Usina Construida em Produção - Autorizada pela ANP
Capacidade autorizada de produção: 5 mil litros/dia (1,5 milhões litros/ano)
Rota Tecnologica: Rota Metílica

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