quinta-feira, 3 de julho de 2008

Biocombustíveis X Alimento uma visão

A polêmica etanol x produção de alimentos deve estar longe do fim. Entre as razões vamos considerar a possibilidade de o discurso das grandes potencias creditando ao biocombustível a crise de alimentos estar mais forte porque mais forte é o poderio destas nações, bem como o protecionismo delas a seus sistemas produtivos.

Mas, aos olhos das nações que buscam seu "lugar ao sol", como o Brasil, isso soa mais como falta de humildade dos grandes em admitir que somos criativos. Para um País como o nosso, que convive com situações de extrema pobreza, participar de mais geração de fome é inadmissível. Foi isto que mostrou o elogiado discurso do presidente Lula, terça-feira, na abertura da Cúpula de Alto Nível do Fundo das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), na Itália.

"Vejo com desolação que muitos dos que responsabilizam o etanol - inclusive o etanol da cana-de-açúcar - pelo alto preço dos alimentos são os mesmos que há décadas mantêm políticas protecionistas, em prejuízo dos agricultores dos países mais pobres e dos consumidores de todo o mundo", afirmou.

Os números que todo o País conhece mostram que aqui temos substituto para o petróleo com muito menos danos ao ambiente. Temos o "bom colesterol", como ilustrou o presidente. Nossos carros a álcool circulam por aí sem perder em nada para os movidos a combustível fóssil. Não há como negar que os campos de cana-de-açúcar crescem assustadoramente. Mas as nossas tecnologias permitem também, em número bem maior, o crescimento da produção de alimentos.

Outra constatação que deve incomodar muito as grandes potências é a posição do governo brasileiro em não ser "egoísta" e estar oferecendo a tecnologia a países com climas semelhantes ao nosso, como a África, Caribe e parte da Ásia. Podemos, ao contrário do que pregam por aí, contribuir com a diminuição da pobreza no mundo.

Enfim, a história mostra que a vida é composta de ciclos. E o do petróleo está em declínio. Agora, é a nossa vez! Aos que nos olham com desconfiança, o mais elegante é reconhecer o nosso potencial e aproveitar o nosso período de soberania para pensar a próxima fase da humanidade. De preferência, com a participação de todos.

Ah! Um pequeno lembrete. A Amazônia é nossa e, apesar da parcela que desmata, estamos aprendendo a preservar. Cadê as florestas dos países ricos?!

Célia Guerra

Fonte: Folha de Londrina

Ver também: Os Biocombustíveis e os Alimentos

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