Investimentos de 52 novas usinas para os próximos dois anos somam cerca de R$ 800 milhões. O Brasil tem hoje projetos para produção diária de 9 milhões de litros de biodiesel, que vão demandar investimentos de R$ 800 milhões nos próximos dois anos, segundo estimativas da Safras & Mercado. O montante é mais de quatro vezes superior que a capacidade instalada hoje, sob a autorização da Agência Nacional de Petróleo (ANP), que é de 1,95 milhão de litros.
Do total de projetos previsto pelo mercado, 23 pedidos, que juntos estimam produzir 4,044 milhões de litros diários, já estão protocolados na Agência à espera de autorização para produzir.
Só de São Paulo são dez, que somam produção 1,2 milhão de litros por dia. O Rio Grande do Sul vem em segundo lugar com três projetos que reúnem capacidade de 820 mil litros, seguido por Goiás, com 708 mil litros por dia.
O estado de Mato Grosso, maior produtor nacional de soja, tem atualmente duas plantas de produção de biodiesel instaladas e autorizadas pela ANP. Juntas, somam o processamento de 186 mil litros diários e utilizam a oleaginosa na produção. Mais três aguardam autorização. Um de 80 mil litros e outros dois, de 10 mil litros cada.
O restante dos projetos totais previstos para o país está em "estado de espera", segundo o economista e analista de Biodiesel da Safras e Mercados, Miguel Biegai. Um dos motivos é a expectativa de que o governo federal aumente o incentivo do Selo Social, que reduz a incidência de Pis e Cofins na produção do biodiesel, proporcionalmente ao uso de matéria-prima adquirida da agricultura familiar.
Mas, segundo ele, a latência desses projetos está também ligada ao efeito psicológico da inviabilidade momentânea do negócio por conta da disparada do preço do óleo de soja, matéria-prima prevista para ser utilizada em cerca de 80% dos projetos, conforme estima Biegai.
Para a produção de biodiesel ser viável, o preço da tonelada do óleo de soja não pode ultrapassar R$ 1,4 mil, valor que está hoje em torno de R$ 1,6 mil. "Além disso, existe a condição de preço do barril do petróleo que tem que ser inferior a US$ 55", complementa Biegai.
Para ele, a dependência do óleo de soja já pode ser encarada como fator preocupante nesse mercado. "Temos disponíveis outros 40 produtos, entre os de origem vegetal e animal. O setor terá que acelerar a busca por diversificação", diz. O especialista explica que existem variedades alternativas à soja, como o pinhão-manso, por exemplo. Este tem características mais vantajosas, no entanto, é preciso transformá-lo em cultura comercial, na opinião do analista. Atualmente, a área plantada do pinhão no país é inferior a 20 hectares. E, para se implantar projetos contando com essa matéria-prima é preciso ter conhecimento da cultura, sobretudo de doenças e pragas que podem surgir em áreas de grande cultivo e comprometer a oferta mais à frente, conforme alerta o especialista.
Outros produtos, além da soja, têm, em níveis diferentes, informações de cultivo resultantes de pesquisas. "Entre eles, a canola, o nabo forrageiro, o girassol, a palma e a mamona", cita o especialista.
Os pedidos em trâmite na ANP informam a utilização de matérias-primas diversas, como sebo bovino, girassol e babaçu. No entanto, a preponderância é dos óleos de soja.
A Agência mantém o sigilo dos proponentes dos projetos e não estima quanto tempo essas plantas estarão em funcionamento. Mas, segundo o superintendente de Abastecimento da ANP, Roberto Ardenghy, esse processo pode demandar de 30 dias até um ano, conforme a qualidade da documentação apresentada. O superintendente ressalta que, normalmente, não há a aprovação da capacidade total pleiteada nos pedidos. "Geralmente, autorizamos 70% do projeto", estima.
08/01/2007
Informações da Gazeta Mercantil
AGÊNCIA DE NOTÍCIAS AMBIENTAIS - ECOPRESS
quarta-feira, 10 de janeiro de 2007
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário