sábado, 7 de junho de 2008

O que foi "Pirateado" para a Amazônia

A biopirataria não é algo novo para o mundo, ela acontece desde que o primeiro homem da terra trouxe sementes de plantas de suas viajens a terras distântes e as plantou no quintal de casa. Mas é preciso se dizer que qualquer coisa só passa a ser crime quando se determina uma pena por sua pratica ou não.

Ou seja, quando os portugueses descobriram como extrair o pigmento vermelho do Pau Brasil, deixando a espécie em risco de extinção nas matas; ou, quando, em 1876, Sir Henry Alexander Wickham levou 70 sementes de seringueira para Ásia que , a partir de 1910, se tornou o seu maior produtor mundial, já era biopirataria porém, ainda não se configurava crime.

E o movimento contrário? O que será que brasileiros e estrangeiros que vivem na Amazônia biopiratearam em outras regiões e trouxeram para a nossa Amazônia brasileira?

O pesquisador Alfredo Homa, da Embrapa-Belém já fez esse levantamento há muito tempo atrás. São plantas que hoje todos os amazônidas usam e se beneficiam sem "dor na consciência"! Só tem coisa de "primeira":

- Café: a cultura do café do qual o Brasil é o primeiro produtor mundial são decorrentes das sementes de café trazidas por Francisco de Melo Palheta, em 1727, de Caiena, para Belém;

- Búfalos: o rebanho bubalino nacional de mais de 1.600.000 cabeças, dos quais mais de 1 milhão encontram-se na região Norte teve o mérito de sua introdução a Vicente Chermont de Miranda, efetivada em 1882, de matrizes provenientes da Itália;

- Juta e pimenta-do-reino: os imigrantes japoneses foram responsáveis pela introdução de duas importantes atividades agrícolas na década de 1930: a juta trazida da Índia, que teve o mérito de aclimatação a Ryota Oyama e a pimenta-do-reino, de Cingapura, a Makinossuke Ussui, ambas então possessões britânicas;

- Mangostão: considerada a “rainha das frutas” foi introduzido em 1942 pelo Instituto Agronômico do Norte (IAN), de mudas provenientes do Panamá, tornando-se em produto econômico sómente no início da década de 1980;

- Dendê africano (Elaeis guineensis): foi introduzido em 1951 pelo IAN procedente do Congo Belga e permitiu que em 1965, a SUDAM/IRHO desenvolvesse o projeto da atual DENPASA na estrada de Mosqueiro. O desenvolvimento da cultura do dendê no Estado do Pará colocou na posição de primeira produtora nacional e com grandes perspectivas futuras;

- Capim africano (pasto): a partir de 1965, com o desenvolvimento das atividades pecuárias na Amazônia, diversas espécies de pastagens foram introduzidas pelas instituições de pesquisas regionais, nacionais e internacionais, de material genético procedentes do continente africano, que apresentam maior resistência ao pisoteio de grandes manadas e de clima seco;

- Gmelina, eucalipto e pinus: o projeto Jari no final da década de 1960 procedeu a introdução de diversas espécies madeireiras para a produção de celulose, destacando-se a gmelina, eucalipto e pinus;

- Pimenta do reino resistente ao Fusarium: a despeito da disseminação do Fusarium nos pimentais do Estado do Pará, a existência de mercado e de preços internacionais, até então favoráveis, fizeram com que esta cultura alcançasse a posição de primeira produtora e exportadora mundial de pimenta-do-reino em 1982 e a introdução clandestina de variedades mais produtivas da Índia durante a década de 1980, a despeito da existência de leis proibindo a saída desse material genético naquele país;

- Mamão Hawaii e Melão: a disseminação do Fusarium nos pimentais paraenses fizeram com os imigrantes japoneses e seus descendentes procurassem novas alternativas econômicas. Esse esforço levou a introdução de duas novas culturas: a de mamão do hawai, variedade desenvolvida na University of Hawaii, em junho de 1970, por Akihiro Shirokihara, pastor da Igreja Tenrikyo, introduzindo o hábito de consumo de mamão individual no país e da cultura do melão. Infelizmente, estas culturas perderam competitividade no Estado do Pará, pelo deslocamento de sua produção para áreas mais próximas de centros de consumo do país;

- Acerola: a cultura de acerola, amplamente disseminada na região amazônica deve-se a Maria Celene Cardoso de Almeida, da Universidade Federal Rural de Pernambuco, que trouxe as primeiras sementes em 1956, de Porto Rico;

- Teca, Acacia, rambutã, palmeira da ìndia: outras culturas introduzidas pelos imigrantes japoneses e pelos institutos de pesquisa destacam-se a durian, o rambutã, a palmeira da India (Areca cathecu), da Acacia mangium, como árvore para produção de carvão vegetal pela CVRD, da teca, árvore asiática de alto valor comercial por empresas madeireiras, entre dezenas de outras espécies vegetais.

- Jambo: um fato curioso a destacar é o jambo, que se tornou em uma árvore incorporada a paisagem amazônica, é uma planta de origem indiana cuja história se perde no tempo.

Fonte: Ambiente Acreano

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