A Petrobrás deve perder mercado na região Centro-Oeste para investidores concorrentes na demanda por biodiesel. A região é a área agrícola com maior perspectiva de crescimento no País. Plantas de produção de biodiesel a partir da soja, que estão sendo projetadas por investidores nacionais e estrangeiros, além de produtores locais, são vistas como alternativas para reduzir o custo com a operação de máquinas e transporte de grãos.
A idéia é utilizar o biocombustível na proporção de 100% para abastecer máquinas e caminhões. Apenas uma parcela iria para as refinarias para ser adicionada ao diesel da Petrobrás, no porcentual permitido pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). 'Os produtores buscam independência da Petrobrás no suprimento do próprio combustível', comentou o vice-presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Máquinas e Equipamentos Agrícolas (Abimaq), Rubens de Morais.
Pela lei, o uso integral de biodiesel como combustível dos motores é permitido só para consumo próprio. O Ministério de Minas e Energia já constatou desproporção entre a produção estimada no Centro-Oeste (197 milhões de litros no início de 2007 e 426 milhões de litros no fim) e a demanda local (80 milhões de litros), considerando a obrigatoriedade da adição de 2% do biocombustível no diesel a partir de 2008 (B2).
No Sul, o Paraná em especial apresenta desproporção. A produção prevista para o início de 2007 é de 167 milhões de litros, devendo passar para 477 milhões de litros, para uma demanda de 168 milhões de litros prevista para o B2. Parte da diferença entre oferta e demanda pode ser consumida com a utilização de 100% do biodiesel para abastecer máquinas, equipamentos e caminhões.
A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos desaconselha esse uso, porque todos os veículos perdem a garantia de fábrica ao serem abastecidos com um combustível fora das especificações. 'A alegação dos produtores é que fica mais barato trocar o motor quando ele se esgotar do que abastecer com o diesel das refinarias da Petrobrás', comentou o vice-presidente da Abimaq.
Para o presidente da Associação Brasileira de Agribusiness, Carlo Lovatelli, o biodiesel deverá ser bem aproveitado no interior do País, onde o 'diesel é caro ou tem dificuldade para chegar '.
A utilização do biocombustível na proporção de 2% ao diesel pode evitar um possível 'apagão' no Centro-Oeste. O risco é descartado pela Petrobrás, mas o especialista Antonio Eraldo Câmara Porto diz que a falta de investimentos em infra-estrutura para levar combustíveis para a região ameaça o crescimento agrícola e 'obriga' produtores locais a buscarem alternativas de auto-suprimento. Para Alísio Vaz, vice-presidente do Sindicato Nacional das Distribuidoras de Combustíveis, essa alternativa pode levar à venda clandestina de biodiesel.
Fonte: Power/ O Estado de S.Paulo
sábado, 9 de dezembro de 2006
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