No final dos anos 1960, o governo militar decidiu implementar um ambicioso programa de desenvolvimento. Com o objetivo de levar gente sem terra para terra sem gente foram construídas diversas obras de infra-estrutura de transporte além de incentivos para que pessoas passassem a residir na região. Cerca de 60 mil quilômetros de estradas foram construídos de 1970 a 1985, além de usinas hidroelétricas, portos e ferrovias, e também crédito subsidiado, incentivos fiscais e concessão de propriedade da terra.
Essas iniciativas produziram enormes impactos econômicos, demográficos e ambientais na região: a população total cresceu de 7,3 milhões em 1970 para 13,2 milhões em 1985; o PIB real cresceu de US$ 2,2 bilhões para US$ 13,2 bilhões; 33 milhões de hectares de floresta foram convertidos em terra agrícola no mesmo período.
Atualmente, 36% do gado bovino e 5% das plantações de soja do país encontram-se na região amazônica. Investir ali é um ótimo negócio. As terras custam até um décimo do valor no Sudeste. As linhas de crédito dos bancos oficiais oferecem juros anuais subsidiados na faixa de 5% a 9% – contra 26% a 34% em outras regiões. A fartura de chuvas faz com que o pasto viceje o ano todo e, em conseqüência disso, os bois atingem a maturidade para abate um ano mais cedo.
Nas últimas duas décadas, a expansão do agronegócio fez com que as lavouras e pastos avançassem cada vez mais pela floresta, contribuindo para o desmatamento. Sabe-se que a mata amazônica já perdeu 17% de sua cobertura original. As imagens de satélite revelam que quase 40% dessa devastação foi realizada nos últimos vinte anos. Surge aí a questão: quanto é aceitável desmatar para dar lugar ao agronegócio? Ninguém sabe, porque nenhum governo produziu um plano de longo prazo para a ocupação da Amazônia.
Mas uma coisa é certa: os fazendeiros estabelecidos na região não são criminosos porque derrubam parte da floresta para tocar seu negócio. Eles contribuem para o desenvolvimento da Amazônia, criam empregos e somam pontos ao PIB do país. O que precisa ser combatido é o desmatamento selvagem, feito à sombra dos órgãos ambientais, muitas vezes por grileiros de terras públicas que não hesitam em sacar da pistola contra quem se opõe a seus interesses. As estatísticas mostram que as toras retiradas à sorrelfa da Amazônia chegam a 80% de toda a produção madeireira da região.
Antes de serem vendidas em outros estados do Brasil e no exterior, essas toras são "legalizadas" por meio de documentos forjados. Já os fazendeiros e madeireiros que cortam madeira dentro da lei submetem-se a um plano de manejo sustentável aprovado pelo Ibama e pelas secretarias estaduais de Meio Ambiente. O plano determina a quantidade de madeira a ser retirada e replantada. Esses empresários não são inimigos da floresta.
quarta-feira, 28 de maio de 2008
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