A biomassa é a grande solução brasileira de substituição de combustíveis fósseis por energéticos renováveis.
Em 2006, apesar do nosso crescimento medíocre, superamos todos os recordes de consumo dos combustíveis.
Com a oferta insuficiente do gás natural, o óleo combustível cresceu cerca de 20%, quando comparado com o ano passado.
O fato é conseqüência do acentuado emprego desse energético fóssil nas usinas térmicas, direcionadas inicialmente para o uso do gás natural. Da mesma forma, as indústrias, em virtude da incerteza do abastecimento, trocaram o gás natural por óleo diesel ou óleo combustível.
Inquestionavelmente, a mudança do combustível acarretará sensível prejuízo ao meio ambiente, com agravamento da poluição.
Decorrente do sucesso dos veículos flex (85% do mercado), houve um aumento expressivo do uso do álcool. No período de 2005 a 2006, 2,5 milhões de veículos bicombustíveis, que consomem álcool ou gasolina, passaram a circular no território nacional.
Quanto à gasolina automotiva, cresceu mais de 3%, no que tange ao igual período de 2005.
Não obstante, entre os derivados do petróleo, o gás de botijão (GLP) registrou, tão somente, evolução apenas vegetativa de 1,4%. Deverão ser consumidos 6,5 milhões de toneladas neste ano. A população mais carente, em face do custo do produto, embora não seja reajustado desde dezembro de 2002, voltou a queimar lenha. Outro fator responsável para ampliar o emprego da lenha é a alta carga de tributos do gás domiciliar.
A tendência, para os próximos anos, é a continuidade do crescimento do emprego do diesel, no transporte da produção e da população, que já supera 40 bilhões de litros anuais, e do óleo combustível.
Com o consumo ascendente dos derivados do petróleo, o País precisará de novas refinarias de petróleo, a fim de manter a sua capacidade de refino (80% das nossas necessidades), estimada em 1,8 milhão de barris diários.
O consumo acelerado dos combustíveis é decorrente dos preços congelados da gasolina e do diesel, desde setembro do ano passado. Para o presidente da maior empresa da América Latina, a verde-e-amarela Petrobras, os preços internos dos derivados já estão alinhados às cotações internacionais. Segundo ele, a petroleira não perde dinheiro ao manter os preços congelados.
Em 2007, iniciaremos a adoção da política do uso do biodiesel, na proporção de 2% ao diesel. Entre as principais matérias-primas que serão utilizadas na fabricação do biodiesel temos a mamona, o amendoim, o girassol, a soja, o dendê, o pinhão-manso e até gordura dos animais. “Motores a diesel podem rodar com óleo de amendoim, sem qualquer dificuldade”, afirmava, em 1912, Rudolf Diesel.
Entre nós, o uso do biodiesel está ligado ao alcance das metas sociais do governo (150 mil plantadores de mamona). Qualquer produtor que queira proceder à venda do biodiesel tem de apresentar o selo social, obtido por quem possui uma percentagem de produção proveniente da agricultura familiar (10% a 30%). O selo desonera de alguns tributos.
Os benefícios aos pequenos produtores são discutíveis e o mercado depende de escala produtiva. No último leilão da ANP, o biodiesel foi vendido por R$ 1,70 a R$ 1,90 por litro. Desta forma, o biodiesel deverá ser bem aproveitado no interior do País, onde o diesel é mais caro ou existe dificuldade para chegar.
A biomassa é a grande solução brasileira de substituição de combustíveis fósseis (petróleo e gás natural) por energéticos renováveis e ambientalmente mais corretos. A produção do álcool deverá alcançar 55 bilhões de litros por ano em 2030. A área plantada com cana superará 14 milhões de hectares. Hoje, ocupa em torno de 6 milhões, sendo 50% para o álcool e a outra metade para o açúcar. Na safra em curso, de 2006/2007, o Brasil produzirá mais de 17 bilhões de litros de álcool, bem próximo dos americanos. O álcool de milho é a principal aposta dos EUA, que desejam consumir em torno de 30 bilhões de litros em 2012, com subsídios de US$ 0,14 por litro.
Falta, no entanto, entre nós, uma política governamental, a fim de financiar os estoques reguladores de álcool, para que possam as indústrias gerar excedentes exportáveis. Ademais, urge a adoção de uma tributação mais similar nos vários estados brasileiros, em vez de variar de 15% a 32%, no caso do ICMS.
Para tanto, existe um potencial agricultável de mais de 90 milhões de hectares de terra, aptos para as culturas energéticas, sem que isto concorra com a oferta de alimentos ou fibras.
No interior paulista, na região de Piracicaba e Sertãozinho, encontra-se a melhor tecnologia mundial na produção de equipamentos para agroindústria energética. Poderemos, portanto, liderar a criação de uma nova civilização, por intermédio da agroenergia.
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quarta-feira, 17 de janeiro de 2007
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