Dr. Eugênio Celso Emérito Araújo, Dr. Valdemício Ferreira de Sousa, Pesquisadores Embrapa Meio-Norte - Teresina-Piauí
Estima-se que, atualmente, cerca de 7,4 bilhões de toneladas de dióxido de carbono são lançados à atmosfera no período de um ano e, mantida a mesma tendência atual, no ano 2100 serão 26 bilhões de toneladas anuais. Essa grande quantidade de carbono lançada à atmosfera, além da queima de combustíveis fósseis está ligada também às mudanças no uso da terra. Como conseqüência, desse aumento da concentração de gás carbônico (CO2), ocorre o chamado efeito estufa (aumento de temperatura devido ao aprisionamento da radiação de onda longa emitida pela terra). De acordo com especialistas de todo o mundo, esse aumento da concentração de gás carbônico pode resultar em mudanças permanentes no clima, imprimindo novos padrões no regime dos ventos, na temperatura, na pluviosidade e na circulação dos oceanos, acarretando profundas modificações nas condições de vida na Terra. Assim sendo, tem-se um consenso mundial de que estratégias devem ser estudadas e empregadas para redução da concentração do CO2 atmosférico, na tentativa de reduzir o risco de eventuais catástrofes mundiais. Entre as estratégias para redução da concentração de gás carbônico na atmosfera, destacam-se: a) a redução das emissões originadas da queima de combustíveis fósseis; b) a redução das emissões oriundas da queima de material vegetal e uso do solo; e c) o seqüestro do carbono por meio do plantio e manejo de culturas e florestas.
As estratégias para redução das emissões de CO2 via substituição parcial ou total dos combustíveis fósseis, têm avançado consideravelmente. O caminho mais trilhado tem sido via a sua substituição por biocombustíveis, especialmente o etanol e o biodiesel. Nesse sentido o Brasil tem se destacado no cenário mundial, por ser um dos países com a matriz energética com os maiores índices de participação de energias renováveis (35% em comparação à média mundial de 13%). O país é também referência mundial em geração de tecnologia e uso comercial do álcool combustível e estabeleceu recentemente uma série de políticas públicas para a inserção do biodiesel na sua matriz energética e vislumbra-se também que o país ocupará papel de destaque como exportador desses biocombustíveis, bem como, das tecnologias utilizadas em todos os segmentos de suas cadeias produtivas.
A consciência ambiental dos consumidores, especialmente dos países desenvolvidos e os acordos internacionais, como o protocolo de Kyoto, têm forçado os governos a adotar políticas de mitigação dos impactos ambientais das fontes correntes de energia, com destaque para a inserção dos biocombustíveis. Assim, a maioria dos países da Europa está adotando programas de uso desses biocombustíveis o que tem elevado bastante as projeções da sua demanda mundial, sendo que o Brasil é visto como um dos principais supridores dessa demanda.
Estimativas para 2010 apontam um aumento de 40% na produção mundial de álcool, para atender essa demanda energética, havendo necessidade da incorporação de 2 milhões de hectares de cana-de-açúcar e de aumento de produtividade nas áreas tradicionais de cultivo. Cerca de 75% dos 18 bilhões de litros de álcool produzidos anualmente no Brasil estão na região sudeste e os 25% restantes na região canavieira tradicional da zona da mata do nordeste, nos estados de Pernambuco, Alagoas e Sergipe.
Por outro lado, a Lei 11.097 de 13 de janeiro de 2005, determina que a partir de 2008 deve ser adicionado 2% de biodiesel a todo óleo diesel comercializado no país e que esse percentual passe para 5% a partir de 2013. Para atender à lei será necessário a produção de 800 milhões de litros de biodiesel em 2008 e 2 bilhões de litros em 2013 se fosse mantido o consumo atual de 40 bilhões de litros de diesel por ano. A capacidade atual de produção nacional de cerca de 85 milhões de litros de biodiesel é insuficiente para atender a demanda prevista e aumentar significativamente até 2013.
Os cenários de futuro apontam que a região sudeste está no limite de sua capacidade produtiva e que no centro-oeste haverá competição com os cultivos tradicionais. Vislumbra-se então, uma região de expansão, ainda não fortemente ocupada por cultivos tradicionais e com grande probabilidade de geração de estoques excedentes de biocombustíveis visto a menor frota de veículos em comparação com o sudeste. Essa região de expansão está configurada pelos estados de Tocantins, Maranhão e Piauí, cujas condições ambientais, de solo, clima e recursos hídricos permitem explorações, em larga escala, de matérias primas para biocombustíveis. Além disso, destaque-se a riqueza dessa região em espécies vegetais nativas com grande potencial para a produção de óleo para biodiesel, como é o caso do babaçu, pinhão manso, pequi, tucum, macaúba, etc, que estão sendo estudadas e domesticadas para serem inseridas nos sistemas produtivos.
Fonte: ZooNews
domingo, 28 de janeiro de 2007
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