quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

DuPont e BP anunciam parceria no biobutanol

A DuPont, terceira maior indústria química dos Estados Unidos, e a britânica BP anunciaram ontem uma parceria global para desenvolver e comercializar biocombustíveis para se tornarem líderes nesse segmento. O primeiro produto, que será lançado comercialmente em 2007 é o biobutanol.

Rubens Machado Júnior, vice-presidente de operações e tecnologia da DuPont para América Latina, diz que o processo é semelhante ao da produção do etanol. O biobutanol é obtido a partir da fermentação de uma matéria-prima, que pode ser beterraba, cana-de-açúcar, trigo, milho ou mandioca. A diferença é que sua molécula possui dois carbonos a mais que o etanol. "Por causa disso, o biobutanol tem potencial de energia 20% maior que o etanol", afirma Júnior.

Segundo comunicado feito pelas duas empresas, o potencial energético do biobutanol é 5% inferior ao dos combustíveis fósseis. O potencial do etanol é 25% inferior. As empresas também apontam como vantagem a redução das emissões de carbono na atmosfera com o uso do combustível limpo. Estima-se que hoje 2% dos combustíveis consumidos no mundo são de fontes renováveis e a perspectiva é que essa participação chegue a 30% nesta década.

As empresas informaram que irão instalar a primeira unidade de produção do biobutanol no Reino Unido. No país, a matéria-prima adotada será a beterraba. A produção será feita em parceria com a British Sugar, subsidiária da Associated British Foods (ABF). George Weston, diretor executivo da ABF, disse ao Financial Times que a unidade pode custar até US$ 46 milhões e seria gerenciada pela BP.

Machado Júnior, da DuPont, diz que o biocombustível já é testado nos países em que atua, inclusive no Brasil. Entre as matérias-primas em avaliação estão cana, milho e mandioca. Segundo o executivo, a prioridade é o mercado europeu, mas a empresa não descarta a possibilidade de entrar no mercado brasileiro futuramente.

Conforme Machado Júnior, a Dupont desenvolve produtos com matérias-primas renováveis há dez anos. Recentemente, a empresa lançou linhas de polímeros e fibras obtidos a partir de recursos renováveis, como o milho, para substituir os subprodutos do petróleo.

Em abril, a empresa anunciou a criação da divisão de biocombustíveis, que também pesquisa tecnologias para produção de etanol a partir do milho e da madeira. Hoje a divisão desenvolve híbridos de milho para produção de etanol. O negócio de biocombustíveis movimenta US$ 300 milhões por ano. Em 2005, a Dupont faturou globalmente US$ 26,6 bilhões, sendo que US$ 1 bilhão vieram do Brasil.

A produção de biocombustíveis - como biobutanol, etanol e biodiesel - tem atraído investimentos Brasil, EUA e outros países. No entanto, ainda há dúvidas quanto ao sucesso das iniciativas. Estudo feito pela Comissão Européia aponta como empecilhos a falta de legislação para o comércio internacional e uma limitação geográfica: o plantio de culturas para produzir biocombustíveis em volume suficiente para substituir 5,75% da gasolina e do diesel na UE tomaria 19% da área plantada na região.
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