Especialistas recomendam atenção às exigências do mercado internacional e problemas do setor interno de combustíveis
A oportunidade do Brasil consolidar sua posição no mercado internacional de combustíveis está centrada nos investimentos em biodiesel. No entanto, analistas ressaltam que falta aos produtores e ao governo brasileiro planejamento estratégico. O País precisa se prepar para não esbarrar em barreiras ambientais, logísticas e outras exigências de grandes compradores, como os Estados Unidos e a União Européia (UE), que anunciou preferência pelo biodiesel para atingir a meta de redução de 20% dos gases de efeito estufa até 2030. É necessário manter os pés no chão, ampliar a matriz energética e reestruturar o sistema de combustíveis para ganhar mercado.
Apesar de estar perto de começar a exportar biodiesel, o Brasil ainda precisa considerar as reivindicações externas. A Alemanha já estabeleceu critérios socioambientais para a compra do produto: estão descartadas as lavouras onde existam trabalho infantil ou escravo, desmatamento, uso excessivo de pesticidas ou plantio de sementes geneticamente modificadas. E tudo indica que a UE acompanhará essa decisão, graças ao lobby dos agricultores europeus, que não querem concorrência com nenhum país competitivo no setor.
Os produtores brasileiros parecem estar cientes das principais críticas ao biodiesel nacional, como a falta de garantia de um fornecimento regular e certificação. Além disso, especialistas apontam que não se pode esquecer da produção de biomassa nem se empolgar com a abertura de mercado, pois a previsão é de que, em escala mundial, os biocombustíveis não corresponderão a mais que 20% da demanda energética. Porém, o potencial da agricultura nacional é um ponto de confiança para etanol e biodiesel.
Outro aspecto gerador de preocupação no setor é a ausência de um plano estratégico que identifique os gargalos da atual estrutura. A falta de padronização na exportação do álcool e o desenho do modelo vigente, baseado no monopólio da Petrobrás em vez da gestão descentralizada do biodiesel, é algo que incomoda o setor. Representantes do segmento também relevam a importância que deve ser dada a provável disputa entre as plantações de biomassa para óleo vegetal e alimentação humana e a consolidação da concorrência entre biodiesel e óleo diesel, em uma lógica de mercado diferente do sistema nacional de leilões.
Para gerar conhecimento cientifico de qualidade em todos os Estados e recursos humanos para solucionar os gargalos logísticos, o Brasil deve investir R$ 32 bilhões nos próximos dois anos – o dobro do que foi investido entre 2003 e 2005.
Matérias-primas
Uma boa logística deve aproximar matéria-prima e indústria, para diminuir o preço final e avaliar o balanço energético e de carbono de cada um dos insumos. Com base nesses dados, analistas apontam que a provável escolha do País pela soja é uma das piores opções, pois tem um pequeno volume de líquido extraído e apenas um quarto do teor energético de uma saca de soja equivale ao que foi gasto para cultivá-la.
O preço do óleo de soja subiu, enquanto o petróleo caiu e pode se estabilizar em valores próximos a US$ 50. Com isso, a produção e os investimentos no setor devem diminuir, e essa é uma das razões para o País apostar em novos insumos. Segundo especialistas, o ideal é optar por uma matéria-prima sem comércio formado, porque só seria utilizado na produção de biodiesel e não sofreria com as variações do mercado de óleos no mundo.
Na relação entre energia produzida e consumida, o produto que mais se destaca é o etanol - gera dez vezes mais energia do que se consome em sua produção. O dendê apresenta um índice de cinco vezes mais energia, seguido pelo óleo por planta, o girassol, a mamona, o algodão, o pinhão-manso e o amendoim, dos quais pode-se tirar de 30% a 60% de óleo vegetal de cada grão.
Fonte: Projeto Brasil
domingo, 4 de fevereiro de 2007
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