O biodiesel é o combustível do futuro e o Brasil tem grandes chances de usar esta fonte renovável de energia para abastecer o mercado interno e ainda tornar-se fornecedor para países que buscam combustíveis alternativos e menos poluidores. A crise do fornecimento do gás boliviano, que se arrasta desde maio, tem deixado inseguros os setores produtivos que dependem dessa fonte de energia. A falta de investimentos nacionais em hidrelétricas nos últimos anos abre caminho para uma pane no setor energético já em 2008. Por outro lado, o petróleo é um recurso finito. Nesse cenário em que o planeta depende de fontes de energia renováveis, o Brasil está na frente já que tem infra-estrutura, tecnologia, especialistas e matéria-prima suficientes tornar-se independente energeticamente e ainda abrir espaço no mercado externo.
Segundo dados do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPud), em 2003, o consumo brasileiro de diesel foi de 38 milhões de m³. Desse total, cerca de 10% foram importados, a um custo aproximado de US$ 800 milhões. Com o uso do B2 – mistura de 2% do biodiesel ao diesel de petróleo –, o Brasil poderá substituir 760 milhões de m³ por ano do combustível. O uso de B100 – biodiesel totalmente puro – permitiria a substituição total do diesel importado. Essa é apenas uma vantagem econômica da bioenergia. Levando em consideração que o biodiesel é produzido pela reação do óleo vegetal com álcool – metanol ou etanol –, a era da biomassa abre uma grande oportunidade de negócios para os agricultores brasileiros, em especial para aqueles associados a cooperativas agrícolas. Isso porque a plantação de oleaginosas da qual se extrai o biocombustível, em geral, é feita em pequena escala e a cooperativa oferece as condições necessárias para que o produtor ganhe volume e consiga ofertar o produto com regularidade às usinas de beneficiamento.
Soja, mamona, palma (dendê), girassol, babaçu, amendoim, pinhão são as principais culturas usadas na produção do biocombustível. Como a produção de oleaginosas corresponde a 80% do custo desta matriz energética, a bioenergia é o novo ouro verde da agricultura. Em 2003, o governo lançou o PNPub com o objetivo de estudar a viabilidade de seu uso como fonte alternativa de energia. No entanto, para fortalecer a agricultura familiar, só podem participar cooperativas aprovadas pelo Programa de Apoio ao Desenvolvimento Rural (Pronaf). Essas cooperativas ganham a chance de receber o Selo Combustível Social, uma identificação concedida pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) aos produtores de oleaginosas que promovam a inclusão social e o desenvolvimento regional por meio de geração de emprego e renda para os agricultores. Com o Selo, indústrias produtoras da bioenergia terão benefícios, como desoneração de alguns tributos, direito de concorrência em leilões de compra, linhas de créditos, entre outros.
Porém, independentemente de ações governamentais, a oportunidade para as cooperativas ganha nova dimensão com a ação das empresas interessadas em explorar esta nova fonte de energia. Como não há necessidade de investimentos iniciais para desenvolver projetos completos de produção de bioenergia, o importante é ocupar espaço e buscar formas de explorar este filão de mercado. Como o setor petrolífero já está avançando em direção à migração para a bioenergia e para inclusão da matriz da biomassa no modelo energético brasileiro, esse é o momento para que cooperativas comecem a se organizar para ingressar na nova era dos combustíveis renováveis.
Fonte:MP do Brasil
domingo, 11 de fevereiro de 2007
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