As cotações da mamona no principal mercado desta oleaginosa no Brasil, o de Irecê/BA, tiveram um pico em meados de 2004 no auge da equivocada campanha do governo federal pelo uso de mamona para se fazer biodiesel.
Fizeram-se estoques e a procura pelas bagas de mamona disparou. A partir do momento em que o plantio começou, os preços iniciaram um forte recuo e atingiram seus valores mínimos no ano de 2005, quando vários pequenos agricultores produtores de mamona por indução do governo federal, literalmente quebraram com a superprodução nacional. O efeito da quebradeira dos pequenos foi potencializado pela falta de procura das bagas por parte dos então instalados produtores de biodiesel da região nordeste. O câmbio também ajudou na queda, porém em menor grau.
Foi um grave erro estratégico que ao invés de criar renda para os pequenos, os endividou e finalmemente os colocou para fora do mercado de mamona. Assim que a enxurrada de agricultores familiares quebrados parou de plantar os preços reagiram e não se pode dizer que foi o efeito do câmbio, já que o dólar continua caindo. Foi mesmo a mais velha das leis do mercado: A oferta diminuiu e os preços subiram.
Ontem a mamona ja saia cotada a R$ 33,00/saca de 60 Kg. contra uma mínima de R$ 21,00/saca em 2005.
Como a redução na safra de mamona de um ano para o outro deverá ser de 48% (estimativa da CONAB - veja também "Crise da Mamona apresenta nova oleaginosa") os preços agora voltaram a subir.
Mesmo com toda essa queda na baga de mamona, o seu óleo vale hoje no mercado R$ 2200,00/tonelada (cotação CIF em São Paulo com 18% de ICMS). O óleo de soja degomado vale no mesmo mercado R$ 1290,00/tonelada.
Como o óleo de mamona vale quase o dobro do de soja e o preço médio do óleo diesel na Bahia é de R$ 1,812/litro e em São Paulo é de R$ 1,851/litro segundo a ANP, temos a situação clara:
Não compensa financeiramente fabricar biodiesel com óleo de mamona. O óleo de mamona é mais caro que o diesel de varejo tanto na Bahia quanto no estado de São Paulo (se compararmos com o diesel de atacado a situação fica ainda mais extrema) e muito mais caro que o óleo de soja.
Como o óleo de soja é mais barato que o diesel a situação diz que biodiesel deve ser feito com óleo de soja e não com o de mamona. Fazer o contrário é "queimar dinheiro".
A mamona produzida sobretudo no nordeste deveria virar óleo e este óleo deveria ser exportado ou vendido para a indústria química brasileira e nunca para a indústria de biodiesel. Reside ai o grande equívoco do governo federal: o de incentivar a mamona para o biodiesel que além de economicamente errado é tecnicamente ruim.
Biodiesel de mamona é muito viscoso (único caso entre os óleos utilizáveis para o biodiesel), Isso faz o biodiesel de mamona ser de baixa qualidade e não poder ser usado puro (único caso em que não se pode recomendar o uso do biodiesel puro em um motor diesel) e nem poder ser exportado. (nenhum país fora do Brasil aceita o biodiesel de mamona puro)
Mas se o governo não fez a coisa certa, o mercado pelo menos nunca se engana. Cedo ou tarde os equívocos "vão a falência".
Fonte: MB do Brasil
domingo, 11 de fevereiro de 2007
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