terça-feira, 5 de junho de 2007

Biocombustivel: Japão pode ser grande importador

Signatário do Protocolo de Kyoto, o Japão está implementando uma série de programas para aumentar a sua eficiência energética e reduzir a utilização de combustíveis fósseis em sua economia. O plano prevê a redução das emissões de dióxido de carbono e outros gases poluentes que causam o efeito estuda em até 6% em um período de até cinco anos, a partir de 2008. Projetando que o petróleo irá se tornar mais caro no médio e longo prazos, o governo japonês — terceiro maior consumidor da commodity no mundo — está buscando aumentar o consumo de biocombustíveis.

Neste contexto, o Japão deverá começar a permitir a partir de 2008 a adição obrigatória de 3% de álcool à gasolina. Bem-sucedida, a experiência poderá ser elevada, chegando até a 10%. É de olho nesse mercado que a Petrobras está. Segundo estimativas da estatal brasileira, uma mistura obrigatória de 3% a 10% na gasolina japonesa exigiria um fornecimento de 1,8 bilhão a 6 bilhões de litros de etanol ao ano. Em 2006, o Brasil exportou 3,4 bilhões de litros do combustível verde.

As discussões entre o governo japonês, brasileiro e Petrobras não são novidade e são um exemplo de como é demorado o processo de abertura de um novo mercado e de fornecimento de um novo combustível a outro país. Desde o início desta década, quando o Japão começou a buscar viabilizar projetos para cumprir suas metas do Protocolo de Kyoto, as negociações vêm ocorrendo. Em 2005, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva viajou ao Japão. Acertou-se um acordo informal em que o Brasil seria o principal fornecedor de etanol ao país asiático. Em dezembro daquele ano, a Petrobras anunciou a criação de uma subsidiária no Japão — a Brazil Japan Ethanol, joint-venture entre a estatal e a Nippon Alcohol Hanbai, que detém cerca de 70% da distribuição de etanol no país asiático.

As negociações continuaram. O governo japonês sempre quis que uma empresa de grande porte e presença internacional, como a Petrobras, participasse do negócio. Simultaneamente, enviaram sinais de preocupação em relação à segurança do abastecimento de etanol a médio prazo e indicaram que empresas do país participariam do negócio, como forma de assegurar maior segurança estratégica ao fornecimento. Um novo impulso foi dado em março deste ano, quando foi assinado um memorando de entendimento com o Japan Bank for International Cooperation (JBIC). A partir daí, a Petrobras anunciou que, ao lado da trading japonesa Mitsui e usineiros, está em busca de parceiros para a construção de usinas no Brasil. A Mitsui financiaria a construção das destilarias, os usineiros entrariam com a terra e a cana, e a Petrobras com a logística para o escoamento

A Petrobras está acelerando as obras de alcoodutos para escoar a produção. Trabalha-se na construção de um duto entre Goiás e o porto de São Sebastião (SP) e de outro duto entre Campo Grande (MS) e Porto de Paranaguá, investimento de US$ 2 bilhões. “Temos de acelerar a logística para nos prepararmos para o aumento das exportações de etanol, principalmente da Ásia”, afirma o diretor de abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa. A Mitsui terá participação no duto entre Goiás e São Paulo. Além do Japão, estão na mira da empresa: Coréia do Sul e China. Até 2010, a Petrobras prevê exportar de 3,5 bilhões de litros a 4 bilhões de litros de etanol ao Japão.

Agora espera-se a formalização dos contratos de compra do álcool pelo governo japonês. As últimas indicações dadas pelo governo japonês à Petrobras é de que isso poderá ocorrer em breve. Com o fechamento dos contratos, os japoneses receberiam em um ou dois anosoetanol, prazo da construção do álcoolduto e de algumas destilarias. A Petrobras já exporta álcool para a Nigéria e Venezuela.

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